Eu nunca fui do estilo adolescente rebelde, dessas que fumava e bebia pra chamar atenção. Eu me lembro que gostava de Nirvana e Guns N` Roses e usava calças largas, blusas Xadrez amarrada na cintura e pulseiras coloridas (daquelas que davam câncer risos...). Eu cismava que era grunge!
Mas também tinha meu lado romântico e adorava “fazer agenda”, trocar papel de carta, ler revista Capricho e ouvir New Kids on the block. Lembro que eu e minhas amigas disputávamos quem tinha a agenda mais cheia. Colocávamos papel de bala e de bombom, recortes de revista, muitos clipes coloridos para prender papeis com recadinhos ou fotos e colocávamos aquelas frases ridículas
como: “Se a vida lhe der 1000 motivos para chorar, mostre a ela que você tem 1001 motivos para sorrir”, ou então, “80cão, 20 buscar, 60 no meu colo, 70 me beijar, 100 você não posso ficar”, ou ainda “Vou rezar 1/3 pra arrumar 1/2 de levar você pra 1/4”.
Lembro das matines da Hipódromo e Fênix. Eu ficava doida pra chegar o fim de semana e sair pra Dançar. Mas eu não era seletiva com lugares nessa época. Eu só queria Dançar e pronto. Ah, mas antes ficava a semana inteira ensaiando em casa os passinhos com amigas e fazia os mesmos poucos passos que sabíamos durante horas.
E na hora de trocar papel de carta... Eu fazia uma pasta junto com minha irma mais velha, mas eu sentia que a pasta era mais dela do que minha. Lembro que um papel de carta, com envelope trocávamos por dois. Sei que nunca usávamos um papel de carta para escrever porque dava muita pena.
Adorava ver “Anos incríveis”, “Família dinossauro”, “O mundo de Beakeman”, “Barrados no Baile”, “Programa Livre”, “Confissões de adolescente” e horas de clipes na MTV.
Eu não tinha muita coisa de “marca”, como a maioria dos adolescentes. Lembro que tive uma mochila verde limão da Pakalolo, e depois de muito tempo consegui ter uma mochila da Company e também uma Sansonite (mas acho que esta era emprestada). Claro que tive sapato da Zeppelin e tênis bamba (enquanto meus amigos usavam Nike).
Lembro que meu pai não dava dinheiro para comprar lanche na escola, então eu levava de casa, mas às vezes comia a merenda que a escola dava: sopão, macarrão, arroz temperado, feijão tropeiro (na verdade feijão com farinha), biscoito com achocolatado aguado, etc. Mas no dia que a fila da merenda estava gigante, é porque tinha cachorro quente e todos os alunos da escola estavam lá, como se nunca tivessem comido cachorro quente na vida. Eu achava injusto porque às vezes não sobrava pra mim e minhas amigas que comiamos todos os dias ali. Acho que deveria ter uma carteirinha de sócio do sopão, e ai só poderia comer cachorro quente quem comesse quase todos os dias na cantina.
Lembro que meu pai me deixava na escola e eu voltava caminhando pra guardar o dinheiro que ele me dava para o ônibus. Só assim eu tinha minha “mesada”, risos...
Como eu sou a filha do meio, tive a época de estudar na mesma escola com minha irmã mais velha e depois com a mais nova.
Uma vez (já na época da minha irmã mais nova) estávamos comendo fandangos no recreio e tinha uma lesma por perto e alguém disse que se jogasse sal na lesma ela espumava toda. Então decidimos fazer a experiência e jogamos fandangos. Deu certo, a lesma espumou, e eu posso até ter rido muito na época, mas hoje morro de dó só de lembrar e jamais faria isso de novo. Foi a primeira e ultima vez que fiz maldade com um ser vivo.
Mentira... Barata continuo matando.